Cinco situações a considerar para tomar decisões seguras na clínica
A capacidade de estabelecer um prognóstico para um doente é fundamental em enfermagem e medicina. É geralmente uma capacidade muito determinada pela experiência e pela intuição, que acaba por ser o produto dessa experiência ativamente trabalhada.
Esta qualidade de prever a evolução possível de um doente é uma mais-valia para a prática, pois permite estabelecer um diagnóstico e um plano de tratamento “ajustado” à evolução previsível. No entanto, para aumentar a certeza das decisões, é necessário ter em atenção as situações clínicas que podem toldar o raciocínio e levar a conclusões enviesadas. Podem ser várias e complexas as situações, mas aqui ficam cinco delas, cuja atenção pode ajudar a obter maior segurança na avaliação clínica de um doente.
PRIMEIRA SITUAÇÃO: Excluir a presença de sépsis
Um doente com sépsis pode apresentar sintomas inespecíficos, como sonolência ou hipotensão, e, se não for detectado precocemente, tem uma elevada taxa de mortalidade. Este facto deve ser sempre tido em conta quando se toma uma decisão num doente com obtundação.
SEGUNDA SITUAÇÃO: Pensar nas perturbações metabólicas
As alterações iónicas e metabólicas podem provocar uma deterioração geral do doente e, se não as tivermos em conta, podemos tomar decisões erradas. A hipo ou hipernatrémia, a hipercalcémia, o aumento da bilirrubina no sangue e a elevação dos níveis de ureia podem contribuir para a deterioração do doente.
TERCEIRA SITUAÇÃO: CONSIDERAR A INFLUÊNCIA DOS MEDICAMENTOS
Quando a situação clínica de um doente se altera de forma aguda ou subaguda, é necessário ter em atenção os medicamentos que o doente está a tomar, nomeadamente os psicotrópicos. Existem certas formas de administração, como os pensos, que podem passar despercebidas se não forem devidamente procuradas. As idiossincrasias, como a utilização do metamizol nos anglo-saxónicos, também devem ser tidas em conta.
QUARTA SITUAÇÃO: TRABALHAR EM EQUIPA COM A ENFERMAGEM
Os relatórios de enfermagem sobre a evolução do doente são fundamentais, dada a sua proximidade com o doente. As constantes, incluindo os valores de oxigenação do sangue, são da maior importância.
QUINTA SITUAÇÃO: CONSIDERAR OS ESTADOS GRAVES “SILENCIOSOS” COMO A HEMORRAGIA E A ISQUÉMIA.
Há certas situações graves, como a isquémia a qualquer nível, sobretudo digestivo, ou as hemorragias internas, que, se não forem suspeitadas, podem provocar uma alteração grave da situação clínica do doente.
Se estivermos atentos a estas situações, a nossa avaliação do doente e a nossa tomada de decisão serão mais seguras.
Autor Lorenzo Alonso Carrión
FORO OSLER